FRANCIS BACON
Francis Bacon (1909-1992), é um artista cuja desoladora visão da condição humana, unida a seu tratamento austero da homossexualidade masculina, despertou em seu tempo fascinação e repulsa, porém a sua obra não deixou de ganhar importância com o passar do tempo.
Nascido em Dublin, filho de pais ingleses, Bacon trabalhou algum tempo como designer de interiores antes de começar a pintar no ano de 1928. Porém, exigente consigo mesmo, destruiu a maior parte de sua produção inicial. É o pintor britânicos mais importantes do século XX.
Sua autêntica incursão pelo mundo da arte contemporânea não ocorreu até 1945, quando seu tríptico " Três Estudos para Figuras na Base de uma Crucificação", pintado no ano anterior, causou um enorme impacto sobre os visitantes da galeria Lefebvre, em Paris, onde ele se exibiu pela primeira vez ao público. (obs: Um tríptico é geralmente, um conjunto de três pinturas unidas por uma moldura tríplice, dando o aspecto de serem uma obra, ou somente três pinturas juntas formando uma única imagem.)
Neste tríptico, que agora pertencente ao museu Tate, estão "em poucas palavras" algumas das constantes em sua obra: o isolamento - mais tarde enjaulamento- da figura, a violência sadomasoquista, a náusea, a fascinação pela carne, elementos que fazem de Bacon um pintor existencialista por excelência.
Um existencialismo visceral, viscosa e abertamente sexual parece ser o oposto do existencialismo distante, ascético e quase metafísico de seu contemporâneo suíço Alberto Giacometti.
O mesmo escreveu em 1964 sobre sua obra onde disse que ele gostaria que suas pinturas parecessem como se tivessem passado por eles uma presença humana deixando sua marca ?como um caracol deixa sua baba?.
Bacon foi um colecionador de imagens, fotografias e reproduções de tudo o que viu em revistas e livros, que ele cortava e amontoava em seu estúdio caótico para, eventualmente, recorrer a eles sempre que necessário.
Totalmente autodidata, porém fascinado pelos fortes momentos da história da arte, especialmente pela a pintura de Masaccio, Velázquez, Goya, Rembrandt, Van Gogh e Picasso, Bacon não hesitou em se apropriar de imagens de outras pessoas e manipulá-los para suas próprias criações.
Sua apropriação mais famosa, além da série de fotografias de atletas e animais de Eadward Muybridge, é a que fez do retrato do Papa Inocêncio X, de Velázquez, que a distorceu até que se tornou uma imagem icônica do isolamento e do desespero mais radical.
Outra grande influência sobre Bacon é a exercida pelas figuras violentamente distorcidas dos anos trinta feitas por Picasso, embora nos corpos dos animais que apareceram em seus estudos para uma crucificação também há citações claras de Rembrandt e Soutine.
Seu material favorito era definitivamente a figura humana. Bacon evidentemente não se sentia à vontade com paisagens, mesmo que tenha, no entanto, algumas amostras.
Mas são especialmente seus nus, tanto femininos - por exemplo, sua amiga Henrietta Moraes - como os masculinos, massas amorfas de carne que parecem oferecer uma batalha agonizante no meio de um ringue.
E estão também seus retratos e autorretratos, embora ele mesmo disse detestar seu rosto e só o pintava quando ele não tinha nenhum outro modelo. É são seus rostos retorcidos e deformados e essas pinceladas violentas que fazem seu estilo imediatamente reconhecível.
Entre eles se destacam sem dúvida os que ele pintou quase obsessivamente de sua amante George Dyer, cujo suicídio em um quarto de hotel em Paris, na véspera da inauguração da retrospectiva de Bacon no Grand Palais, localizado na mesma cidade, deixou no artista um enorme vazio.
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Sua pintura está marcada pela mesma situação trágica que marcou a obra de Sartre e de outros existencialistas. Desnudo agachado, 1950
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Bacon lhe dedicou vários trípticos póstumos, desde o mais misterioso e elegíaco de todos, pintado em 1971, apenas dois meses depois do suicídio, até os mais desesperados de 1972 e principalmente o de 1973.
Neste último, o artista mostra seu amigo sozinho em seu quarto de hotel, vomitando na pia ou sentado no vaso sanitário, cercado por uma mancha negra que seria a morte em transe de engoli-lo.
YAYOI KUSAMA
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Yayoi Kusama, a ?rainha lunática? |
Obsessão interminável.
Para muitos a maior entre todos(as) artista vivos(as) do Japão.
Seu trabalho vai desde a esfera privada para a esfera pública, da pintura à performance, do estúdio para a rua.
Yayoi Kusama nasceu em Matsumoto, Japão, em 1929. Depois de uma conjunto poético de obras semi-abstratas em papel que marcaram seu início de carreira, na década de 40 , Kusama criou a famosa série Infinity Net (Red Infinita) no final da década de 50 e início da década de 60. Estes trabalhos altamente originais são caracterizados pela repetição obsessiva de pequenos arcos de tinta acumulam em grandes superfícies seguindo padrões rítmicos .
Kusama se mudou para Nova York em 1957, onde se encontrou com Donald Judd, Andy Warhol, Claes Oldenburg e Joseph Cornell. Isso foi um marco em sua carreira artística. Da prática pictórica passou às esculturas brandas conhecidas como Accumulations (Acumulações) e, em seguida, para performances ao vivo e happenings (espetáculo dramático inusitado, em geral artisticamente concebido como uma série de acontecimentos sem continuidade, em que o imprevisto e o espontâneo têm papel essencial, envolvendo a participação da plateia), exemplos claros de cultura alternativa de New York, com a qual ganhou reconhecimento e reputação na cena artística local.
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Happening: Explosão Anatómica na estátua de Al[ice no País das Maravilhas. Central Park, 1968 |
Em 1973 Kusama retornou ao Japão e em 1977 se internou voluntariamente em uma clínica psiquiátrica onde reside desde então. A já marcada peculiaridade psicológica de sua obra, se soma a um amplo espectro de inovações formais y reinvenções que permitem a artista compartilhar com um público amplio sua singular visão, através dos infinitos espaços espelhados as superfícies obsessivamente cobertas de pontos que lhe deram fama internacional. Nas suas obras mais recentes, Kusama tem recuperado o contato com seus instintos mais radicais em instalações envolventes e peças que convidam a colaboração, obras que lhe converteu na artista viva mais célebre do Japão.
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Infinity Mirror Room ? Phalli\?s Field [Sala de espelhos infinito ? Campo de falos]1965-2013
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LUCIAN FREUD
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Lucian Michael Freud (1922-2011) |
Neto de Sigmund Freud, Lucian Michael Freud (1922-2011) nasceu em Berlim e permaneceu na Alemanha até 1933, quando se mudou para o Reino Unido com a família para fugir da tomada nazista. Alguns anos depois foi naturalizado britânico e permaneceu em Londres durante toda a sua vida.
Mais do que retratos do cotidiano, Freud procurou, através da sua arte, compreender quais seriam os traços e pinceladas exatas que poderiam traduzir a ?humanidade? das pessoas, e hoje é reconhecido como um dos maiores representantes da arte existencialista. ?Fazer um retrato é tentar ver o que você não viu antes. É extraordinário o quanto podemos aprender sobre nós mesmos se olharmos para alguém com muita atenção, sem julgar? ? disse o artista em uma entrevista concedida em 2009 a Michael Auping, curador do National Gallery, Londres.

Dentre os principais representantes do existencialismo filosófico estavam os escritores e pensadores franceses Jean Paul Sartre e Albert Camus. Romances e peças teatrais como Entre Quatro Paredes, O Muro, O Estrangeiro, O Mito de Sísifo e O Homem Revoltado traziam histórias nas quais os personagens encontravam dilemas éticos e guiavam-se sem a ajuda de dogmas religiosos, fé ou idealismos. A falta da crença em algo que lhes fosse externo, tal como Deus por exemplo, os levava a sentir o peso e o vazio ocasionados pela solidão e pela responsabilidade de escolher os caminhos da própria existência.
Já nos anos 60 a arte existencialista cedeu seu lugar a estilos menos ?densos?. Surgiam nas artes plásticas imagens com características de alienação, a cultura pop fazia parte da realidade daquela década onde a publicidade começava a ditar tendências. O neo-dadaísmo e a arte abstrata complementavam o cenário.
Nesse contexto, o figurativismo de Freud atuou como um contraponto a arte abstrata da época. Os personagens que retratou em pinceladas carregadas de óleo traziam consigo visceralidade, tristeza, o peso da vida. Através da carne densa, o retrato do estado psicológico do indivíduo sozinho no mundo, ancorado no desespero da existência.
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