Sociologia
Fato social
Durkheim inicia sua argumentação colocando à prova a lógica da vida social, confrontando a origem de nossos costumes com as nossas verdadeiras vontades ou necessidades. Ele inicia da seguinte forma : ?Antes de indagar qual o método que convém ao estudo dos fatos sociais, é necessário saber que fatos podem ser assim chamados. A questão é tanto mais necessária quanto esta qualificação é utilizada sem muita precisão. Empregam-na correntemente para designar quase todos os fenômenos que passam no interior da sociedade. Todavia, desse ponto de vista, não haveria por assim dizer nenhum acontecimento humano que não pudesse ser chamado de social?. Ressaltando, primeiramente, o conhecimento do que realmente é o fato social, e de que forma podemos observá-lo.
Ele segue: ?Quando desempenho meus deveres de irmão, de esposo ou de cidadão, quando me desincumbo de encargos que contraí, pratico deveres que estão definidos fora de mim e de meus atos, no direito e nos costumes. A realidade, esta não deixa de ser objetiva, pois não fui eu quem os criou, mas recebi-os através da educação. Estamos, pois, diante de maneiras de agir, de pensar e de sentir que apresentam a propriedade marcante de existir fora das consciências individuais?. Fica evidente que nesse ponto ele expõe, então, o seu objetivo principal, dizendo que o comportamento dos indivíduos é puramente fabricado pela sociedade.
Em seguida Durkheim fala sobre o poder coercitivo da sociedade, de forma que qualquer tentativa de ir contra as tendências sociais é reprimida ou revidada com a mesma intensidade, e que toda inovação tem de pagar um preço por quebrar com os costumes: ?Esses tipos de conduta ou de pensamento não são apenas exteriores ao indivíduo, são também dotados de um poder imperativo e coercitivo, em virtude do qual se lhe impõem, quer queira, quer não. Se experimento violar as leis do direito, estas reagem contra mim de maneira a impedir meu ato se ainda é tempo, com o fim de anulá-lo e restabelece-lo em sua forma normal. Se sou industrial, nada me proíbe de trabalhar utilizando processos e técnicas do século passado, mas, se o fizer, terei a ruína como resultado inevitável. Mesmo quando posso realmente me libertar destas regras e violá-las com sucesso, vejo-me sempre obrigado a lutar contra elas?.
Na sequência ele diz: ?Sabe-se, além disso, que toda coerção social não é necessariamente exclusiva com relação à personalidade individual. Toda a educação consiste num esforço contínuo para impor às crianças maneiras de ver, de sentir e de agir às quais elas não chegariam espontaneamente. Desde os primeiros anos de vida, são as crianças forçadas a comer, beber, dormir em horas regulares, são constrangidas a terem hábitos higiênicos, a serem calmas e obedientes, mais tarde, obrigamo-las a aprender a pensar nos demais, a respeitar usos e conveniências, forçamo-las ao trabalho, e com o tempo esta coerção deixa de ser sentida, é porque pouco a pouco dá lugar à hábitos, a tendências internas que a tornam inútil, mas que não substituem senão porque dela derivam?. Podemos perceber como ele exemplifica a nossa formação social desde os nossos primeiros anos de vida, sempre em busca de uma modelo que possui a aprovação da sociedade.
Para finalizar ele diz: ?Se a população se comprime na cidades em lugar de se dispersar nos campos, é porque existe uma corrente de opinião, uma pressão coletiva que impõe aos indivíduos essa concentração. Nossa definição compreenderá, pois, todo o definido, se dissermos: é fato social toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior, ou então ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter?. Dessa forma podemos ver que segundo Durkheim toda ação do homem na sociedade é em função da mesma, e quando vai contra ela usa de todos os seus aparatos para punir o individuo.
Luciana Pires - 1° SS Noturno
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