Sociologia
Sobre Bacon e Livros
Em "Novum Organum", publicado em 1620, Francis Bacon discorre sobre a importância do método empírico, fundado por ele, no avanço da ciência e no crescimento interior do homem. O pensador inglês postula que, antes de qualquer outra linha de pensamento para a avaliação do mundo, a experimentação é essencial para o conhecimento das coisas e da busca pela verdade. Isso pois, segundo o autor, a importância do acúmulo de conhecimento baseado na razão existe, porém esta possui limitações para provar sua própria veracidade, problema que acredita ser resolvido somente com a observação de experiências vividas.
Para Bacon, a teoria nem sempre se prova real na forma prática, e para ele, este é o ponto em que a fé no método racional se torna perigosa. Seu posicionamento é claro: o estudo das ciências tem como finalidade a obtenção de algum tipo de melhoria na condição humana. Assim, o inglês faz uma crítica contundente aos gregos e aos seguidores de sua filosofia, apontando que de nada contribuíram para tal fim, uma vez que seus pensamentos residiram quase exclusivamente no plano ideal, sem aplicações práticas viáveis garantidas.
O método empírico proposto por Francis Bacon em sua obra não é somente atual, como permanente, no que diz respeito ao homem. Uma das características humanas mais notáveis é a capacidade de memorização das experiências vividas, habilidade não conferida aos outros animais. Tanto no plano físico quanto no mental, é nítida a influência dos processos pelos quais as pessoas passam na constituição do seu caráter e na forma como interpretam situações posteriores. Uma analogia simples do plano físico seria uma criança aprender que não convém colocar o dedo na tomada depois de levar um choque na primeira tentativa. Ao olhar a tomada, ativa-se a lembrança da dor do choque, a qual permite um julgamento mais preciso sobre repetir ou não a atitude. Assim também se dão as situações de cunho meramente pessoal ou emocional, ligadas ao entendimento das atitudes de outras pessoas e seus efeitos. O ser humano está a todo tempo tentando entender a si próprio enquanto estuda os outros ao se redor e a interação destes com o mundo, esperando a repetição de circunstâncias que lhe façam sentido com base naquilo que tem como verdade vivida.
Dessa forma, metaforizando, o ser humano pode ser visto como um livro, enquanto seus ensaios constituem os capítulos das histórias que compõem a obra da vida de cada indivíduo. O livro pode, por vezes, possuir finais semelhantes, porém seus entremeios tem cada qual sua singularidade, que conferem a complexidade inerente a natureza humana.
Nicole Vasconcelos Costa Oliveira
Direito diurno, 1º ano
Introdução à sociologia, aula 3
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