VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS
Sociologia

VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS


Olá leitoras e leitores do meu blog.
A Miriam Abramovay e o Jorge Werthein publicaram na Folha de São Paulo, em 20 de novembro de 2008, um excelente artigo sobre Violência nas Escolas. Eles me autorizaram a colocar o texto no meu blog. Acho que vocês irão gostar.

Faltam políticas públicas claras, programas em execução que enfrentem decididamente o cotidiano de violência nas escolas
TEMOS AVANÇADO significativamente na nossa capacidade de diagnosticar, prever e entender diferentes fenômenos que se apresentam no cotidiano. As novas tecnologias de informação e comunicação disponíveis nos permitem detectar e identificar fenômenos naturais com grande precisão e antecedência. Em diversas áreas os progressos têm sido -e continuam sendo- notáveis. Os mecanismos existentes de detecção e diagnóstico da realidade nos permitem antecipar alguns possíveis "tsunamis" naturais e sociais. Porém, é preciso ter consciência do potencial dano ocasionado ainda que o problema seja diagnosticado.
Muitas vezes, ao conhecer a realidade apontada, negamos ou escondemos a sua existência, fazemos a chamada "política de avestruz" ou a lei do silêncio. Com essa atitude, não só não encaramos o problema como não conseguimos evitar que ele se repita com conseqüências cada vez mais graves, que vão se multiplicando e se agravando, tornando, assim, sua solução mais difícil.
Esconder debaixo do tapete situações objetivamente graves é uma constante. Tanto no âmbito privado quanto no público. Racionalizamos, elaboramos discursos que analisam o tema para nos tranqüilizarmos. Dizemos o certo, o correto, o indiscutível, embora imediatamente nos imobilizemos, nos acomodemos quase que confortavelmente na coerência teórica de tais afirmações. Deixamos para amanhã o que poderíamos ter feito e enfrentado hoje.
Agora, voltamos a ver um novo caso de violência nas escolas que ganhou amplo espaço na mídia. Temos cotidianamente outros exemplos, não tão dramáticos, que não são veiculados ou permanecem restritos a jornais locais e rádios comunitárias. As violências físicas e simbólicas estão instaladas, em maior e menor intensidade, nas nossas escolas.
Depois de tantos anos trabalhando sobre os temas de violências nas escolas no Brasil e em outros países da América Latina, continua nos chamando a atenção a relativa importância (para não dizer pouca) que se dedica ao assunto. Faltam políticas públicas claras, programas em execução que enfrentem decididamente o cotidiano de violência nas escolas.
Verifica-se grande limitação por parte das autoridades políticas e educacionais para assumir com decisão, coragem e determinação o enfrentamento cuidadoso de um problema que está tendo enorme efeito negativo no cotidiano de ensino e aprendizagem de jovens e crianças.
Isso está enfraquecendo as relações de convivência entre alunos, professores e demais atores sociais que atuam nesse espaço escolar. Por causa disso, está diminuindo de forma acelerada e alarmante, tanto para alunos quanto para professores, o desejo de ir à escola, que deixa de ser um espaço prazeroso.
A preocupação não parece ser entender o porquê desses altíssimos níveis de violência dentro do espaço escolar. As possíveis respostas, em geral, não começam baseadas em um diagnóstico da realidade, mas em generalidades aparentemente eloqüentes, vistosas e comprovadamente ineficientes. A automedicação raramente tem efeitos positivos e duradouros.
Não há intenção de dialogar com professores, alunos, diretores e pais, por meio de mecanismos sistemáticos e científicos, para que sejam elaboradas políticas públicas de longo prazo.
É um equívoco dizer que a resposta é o aumento de câmeras de vigilância, catracas para "expulsar os culpados" ou ampliar a presença das forças de segurança dentro das escolas. Isso é não querer entender o problema em sua real e profunda dimensão. Não é essa a forma adequada de usar as tecnologias para detecção de problemas.
Expulsando os esporádicos responsáveis pela violência, não estaremos expulsando as causas que a originam dentro das escolas. Temos de expulsar as razões que levam às situações constantes de violência para que alunos, professores, diretores e pais voltem a sentir o prazer de estudar, aprender e conviver nesse espaço em que devem se formar os cidadãos de hoje e de amanhã e a escola possa ser, como dizia Paulo Freire, um espaço de felicidade.

JORGE WERTHEIN , 67, mestre em comunicação e doutor em educação pela Universidade Stanford (EUA), é diretor-executivo da Ritla (Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana). Foi representante da Unesco no Brasil.
MIRIAM ABRAMOVAY , socióloga, é coordenadora de Pesquisa da Ritla, integrante do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Juventudes, Identidades e Cidadania e consultora da Cufa-DF (Central Única das Favelas do DF).



loading...

- Inclusão Digital
Seminário internacional debate uso de tecnologias na educação Quarta-feira, 13 de junho de 2012 - 19:42  Representantes do setor educacional de nove países da América Latina estarão reunidos...

- Esforço Para Retomar O Amor Pelo Magistério
O que motiva profissionais da Educação em um tempo em que se enfrentam a polícia na rua por salário melhor, a violência na região onde trabalha e o desinteresse de estudantes pela carreira? A Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia do Rio de...

- "a Pé Para A Escola (walk To School Portugal)"
Nos últimos anos tem-se vindo a assistir a uma quebra dramática do modo pedonal no acesso à escola por parte dos alunos. A tomada e largada de alunos nas escolas pelos seus pais, cada um no seu automóvel, têm-se tornado num grave problema de gestão...

- [sociologia Da Educação Ii] Novas Abordagens Em Sociologia Da Educação
Prezados, Seguem os temas os textos indicados para os seminários do últimos tópico do nosso curso (Novas abordagens em Sociologia da Educação"): Dia 26/07 1. Pierre Bourdieu e a Teoria da Reprodução 2. A violência na escola: o ponto de vista da...

- Ataque à Escola Do Rio De Janeiro é Um Marco Para Acontecimentos Semelhantes?
 Apesar da tragédia na manhã desta terça (7) deixar pais, crianças e professores em choque, Renato Alves, especialista do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP, afirma: ?A escola ainda é um ambiente seguro?. Ana Paula Pontes CRESCER...



Sociologia








.