Sociologia
"Devolvam o emprego do meu pai, eu não quero trabalhar!"
"A burguesia rasgou o véu comovente e sentimental do relacionamento familiar e o reduziu a uma relação puramente monetária."
- Manifesto do Partido Comunista (Marx & Engels)
O capitalismo, em seu início, achava vantajoso existir uma concorrência entre os trabalhadores. Isso possibilitava uma alta quantidade de mão-de-obra reserva; os trabalhadores poderiam ser mais facilmente substituídos, e os salários poderiam ser mais baixos.
Conforme o desenvolvimento da maquinaria avançava, a força muscular do homem se tornava menos necessária. Ele passou apenas a operar as máquinas, apertando botões, transportando o produto de uma máquina à outra, fazendo à mão trabalhos mais detalhados e minunciosos, etc. Ora, com o que sabemos sobre o modo capitalista de pensar, já podemos perceber que ele foi esperto e arranjou uma solução mais barata para fazer esse trabalho simples: as mulheres e as crianças.
Se já nos causa desconforto saber que, antes, o trabalhador vendia sua força de trabalho por um preço baixo, a partir daí o operário-chefe da família (o marido, o pai) passa a vender também sua mulher e filhos. Não nos admiramos muito porque essa é, ainda, nossa realidade. Eu mesma, fico sozinha em casa desde os 8 anos. Uma mãe que fica em casa cuidando dos filhos e fazendo o serviço doméstico é, segundo o modo econômico-marxista de pensar, uma privilegiada! (Não falemos aqui sobre o movimento feminista, sobre a luta das mulheres por "direitos" iguais aos dos homens. Trata-se de economia e sociedade, não de política.)
Com relação ao trabalho infanto-juvenil, a questão também é atual, ainda. Marx diz, na página 30, que os capitalistas buscavam crianças a partir de 13 anos para fazer a mesma jornada de trabalho que um adulto (que naquela época, na Inglaterra, era de 10 horas ou mais. Crianças com menos de 13 anos podiam trabalhar, mas apenas por 6 horas.) Hoje em dia, isso ainda acontece, porém nem tão bruscamente. Ainda existem adolescentes (ou crianças) que trabalham em fábricas, que abandonam os estudos para ajudar na renda familiar. Mas a situação melhorou, sem dúvidas. O índice de mortalidade das crianças operárias, ou cujas mães eram operárias, era altíssimo (dados estatísticos na página 31).
O fato é que o trabalho define o homem (ou a mulher, ou o jovem), principalmente nos dias atuais. A profissão é, depois do nome, o principal traço da identidade de alguém. Muitos estudam, fazem uma faculdade, apenas para conquistar essa profissão, esse "status" de "sou Alguém na vida!!!". Os pais cobram dos filhos essa atitude; e a maioria das mulheres, hoje, sente-se incompleta e insatisfeita se ficar só em casa, se não for útil para a sociedade (capitalista). Tanto o regime machista (dona-de-casa) quanto o regime capitalista (trabalhadora assalariada, ou seja, proletária) são opressores contra a mulher, porém de perspectivas diferentes. É como se fosse uma escolha definitiva: devo privilegiar minha vida pessoal (família) ou minha carreira? Devo seguir o modelo histórico e machista ou o modelo contemporâneo e explorador, capitalista? Independente de qual seja minha resposta, e meus filhos? Serão meros reprodutores da ordem social (que está indissociada da ordem econômica), ou conseguirão ser felizes com um equilíbrio?
Acredito que todos deveriam fazer essas perguntas, para terem uma melhor compreensão da situação em que vivem, ou seja, da "questão social"!
Brenda Alaíse Nascimento
1º ano de Serviço Social - diurno (frequenta o noturno)
UNESP - Franca
Texto-base: MARX, Karl. ?Maquinaria e grande indústria?. O Capital: Crítica da Economia Política (1867). Livro I, Vol. II. São Paulo: Nova Cultural, 1996, pp.7-36
PS: postei esse texto só agora porque não sabia que meu grupo ainda não havia postado.
Tema da postagem: A família como força de trabalho
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