Segundo Émile Dürkeheim em sua obra "Da divisão do trabalho social" a sociedade deveria ser vista como um sistema organizado, ordenado e interdependente de várias partes que juntas transformariam-se em uma unidade. Dürkeheim concebe as sociedades complexas como grandes organismos vivos, onde os órgãos são diferentes entre si (divisão do trabalho), mas todos dependem um do outro para o bom funcionamento do ser vivo, crescente divisão social do trabalho faz aumentar também o grau de interdependência entre os indivíduos.
Pensar a divisão do trabalho sob a ponto de vista durkheimiano nos remete à reflexão sobre solidariedade em dois aspectos: o da solidariedade mecânica e da solidariedade orgânica em desenvolvimento inversamente proporcional.
A solidariedade mecânica prevalece naquelas sociedades ditas "primitivas" ou "arcaicas", ou seja, em agrupamentos humanos de tipo tribal formado por clãs. Nestas sociedades, os indivíduos que a integram compartilham das mesmas noções e valores sociais tanto no que se refere às crenças religiosas como em relação aos interesses materiais necessários a subsistência do grupo, essa correspondência de valores assegura a coesão social.
De modo distinto, existe a solidariedade orgânica que é a do tipo que predomina nas sociedades ditas "modernas" ou "complexas" do ponto de vista da maior diferenciação individual e social (o conceito deve ser aplicado às sociedades capitalistas). Além de não compartilharem dos mesmos valores e crenças sociais, os interesses individuais são bastante distintos e a consciência de cada indivíduo é mais acentuada.
Para garantir a coesão social, portanto, onde predomina a solidariedade orgânica, a coesão social não está assentada em crenças e valores sociais, religiosos, na tradição ou nos costumes compartilhados, mas nos códigos e regras de conduta que estabelecem direitos e deveres e se expressam em normas jurídicas: isto é, o direito.