Analisando o capitalismo sob uma perspectiva dialética, observamos que a introdução da máquina ao sistema de produção, ao final do século XVIII, gerou profundas mudanças nas estruturas sociais e econômicas da época. Durante o feudalismo, os meios de produção eram adaptados ao uso individual. Cada homem trabalhava com suas próprias ferramentas e a produção era destinada ao consumo familiar. O produto final o pertencia e, portanto, o possível lucro gerado pela comercialização do excedente era seu também.
Com a produção mecanizada, o homem deixa de ser dono dos meios de produção. Agora, ele obtém seu sustento vendendo sua força de trabalho ao dono da fábrica. O homem passa de criador do produto a força motriz que irá propiciar o funcionamento da máquina. Com essa desvalorização do trabalho humano, sua renda também é reduzida, assim passa a ser necessário submeter toda uma família à rotina das máquinas como forma de sobrevivência. Dessa forma a produção passa a ser coletiva, porém a apropriação das mercadorias é individual, ou seja, o dono dos instrumentos de produção acumula capital através da mais-valia.
Essas transformações na estrutura econômica da sociedade provocaram consequências imediatas no cotidiano e na qualidade de vida dos trabalhadores: a maquinaria apenas aumentou o número de assalariados, colocando todos, sem distinção de sexo e idade, sob exploração em péssimas condições.
Com o uso da máquina, a força física do trabalhador já não era necessária como antes, podendo agora crianças e mulheres ser empregadas na produção. Assim a oferta de mão-de-obra multiplica-se. Encontra-se ai uma grande mudança na estrutura familiar dos trabalhadores. O pai da família passava a ganhar menos do que antes, pois sua força e trabalho têm menor valor de mercado, porém tendo a renda familiar complementada com a mãe e as crianças. Entretanto, o custo para sustentar a família cresce, já que mais comida e remédios (necessários pelas condições insalubres do trabalho) são necessários. Havia também crianças que não trabalhavam nas fábricas, mas as mães sim, sendo as crianças deixadas sozinhas, abandonadas e mal cuidadas, fato que também levou ao aumento da mortalidade infantil. Também se via o emprego de narcóticos para aquietar as crianças, prática extremamente perigosa que poderia levá-las a morte.
Ai está a contradição, a medida que se multiplicava o trabalho do operário, sacrificava a estrutura econômica e familiar. Enquanto o dono da fábrica lograva mais lucro, com a enorme produção advinda das máquinas e com a maior oferta de mão-de-obra. O emprego do maquinário alterou mais do que a quantidade de mercadorias, mas também a sociedade.
Em suma, a degradação moral provocada pela exploração capitalista a partir do desenvolvimento das máquinas é indiscutível, e não há como dizer que o advento do capitalismo melhorou a vida dos trabalhadores, porque estes permaneceram na pobreza. Essa é a contradição máxima deste sistema: a geração de tanta riqueza permitida pelo aumento significativo da produção, ao invés de beneficiar a todos, provocou consequências desumanas na vida dos trabalhadores e de suas famílias.
Como vemos, tese e antítese se confrontaram, e infelizmente, assim gerou-se a síntese da exploração do homem pelos meios de produção, que continua beneficiando uma pequena elite em detrimento de toda uma classe trabalhadora.
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Sociologia