Sociologia
Autonomização do Poder Político
Os clássicos da sociologia, Max Weber e Karl Marx, analisam, de um modo distinto, a autonomização do poder político no seu sentido restrito.
Max Weber escreveu as suas obras no século XX, onde o capitalismo se torna organizado devido à importante intervenção do Estado na vida económica bem como a vários níveis sociais. É neste contexto, que o autor defende que o primado das relações está no político, sendo este que acaba por influenciar o sector económico. Em Weber o poder político afigura-se, então, como algo autónomo.
Ao analisar sociologicamente o poder político, que diz ser autónomo, Max Weber tem presente três conceitos fundamentais: o poder, a dominação e a autoridade. A teoria weberiana tem presente uma relação entre dominação e Estado, sendo a dominação exercida por meio do Estado e este uma instituição política que através do Governo assegura a dominação; o governo exprime-se através da dominação. É também no Estado que está presente o agrupamento que exerce o poder. Na análise sociológica de Weber, o poder converte-se em autoridade para legitimar a política, deste modo se exerce dominação sobre a sociedade, sendo o exercício da cidadania explorado e anulado. Na perspectiva do mesmo, uma pessoa a quem se reconhece autoridade também se reconhece carisma, sendo este um factor importante para o exercício da dominação.
Em Marx, contrariamente a Weber, o poder político é determinado pelo económico (base material) situando-se na superestrutura que é influenciada pela infra-estrutura. Deste modo, o poder político é visto como não autónomo, sendo a estrutura económica a base sobre a qual o mesmo se eleva. O político torna-se conjuntamente uma função de um fenómeno estritamente económico e um instrumento de uma classe social.
Segundo a teoria marxiana, é o desenvolvimento económico, com a consequente divisão do trabalho, que produz e condiciona as formações sociais e o seu instrumento de dominação que é o Estado. É portanto, o economicismo e o reducionismo marxianos que retiram ao político toda a sua autonomia.
Serão as análises dos clássicos da sociologia importantes para avaliar o político de hoje em dia?
No meu entender, o modo como Max Weber analisa sociologicamente o poder político encontra-se apropriado à política com a qual nos deparamos actualmente, nomeadamente em Portugal. Todos os dias, os portugueses encontram-se perante notícias que abordam o poder político como uma forma de manipulação, onde a uma autoridade de poder de mando se associa o exercício de dominação. Um exemplo disto, é o que se passa durante mais de trintas anos na Região Autónoma da Madeira, onde o Dr. Alberto João Jardim usa e abusa da sua autoridade para manipular e explorar o povo madeirense. É ele que detendo autoridade e consequentemente carisma, como menciona Weber, exerce dominação quer sobre os meios de comunicação social, sendo o jornal da Madeira um exemplo, quer sobre os próprios polícias madeirenses, como imagens televisivas recentes demonstraram. Enquanto madeirense e chocada com o que se passa na região neste momento, não me ocorre melhor exemplo do que este para mostrar como de facto a teria de Weber pode ser aplicada à realidade actual.
Ao contrário da teoria de Weber, relativamente ao poder político, a teoria marxiana não se aplica à actualidade, pois o primado continua a ser o político e não o económico. A meu ver, isto acontece devido ao contexto sócio-histórico em que nos encontramos ? o capitalismo desorganizado, onde tal como na altura do capitalismo organizado, o Estado intervém fortemente tanto na vida económica como na vida social. Porém, não podemos prescindir totalmente dos conceitos de Marx, pois continuam a ser pertinentes, nomeadamente, quando atentamos à crise económica pela qual passamos.
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