Caetaneando o mal-estar dos professores
Sociologia

Caetaneando o mal-estar dos professores


Por Cristiano Bodart
Estou professor... confuso! Pra lá de Marakeche[1].

Me disseram que era manha, mas em meio a tamanha... qualquer coisa, dentro doida. Berro!
Embora berro, quem deveria ouvir está pra lá de Teerã.

Me disseram que esse papo meu está de manhã. É normal. É assim mesmo... li isso no jornal; dito por de um Alckmin, desses que afirmam que a culpa é do professor. Li que, em São Paulo, a cada dia pelo menos um professor pede exoneração. Tem como pedir transferência para outro Brasil? Nesse que os políticos dizem que o ama só que é da boca pra fora[2], não dá! Pergunto ao Alckmin: onde está você agora?

Fico sonhando o acordado, juntando o antes, o agora e o depois. Mas tô me sentindo muito sozinho... Estou agora professor e amanhã? Eu tenho os meus desejos e planos... E agora? O que faço da minha vida?[3]Vou me perdendo... Perdido no vazio de outros passos, no abismo que você [político] se retirou e me atirou e deixou aqui sozinho. E agora? O que faço eu da vida? E nesse desespero que me vejo, já cheguei a tal ponto...


Senhor Alckman, me encare, de frente. É que você nunca quis ver. Não vai querer, nem vai ver meu lado. Vai dizer que a culpa é minha, como fez a senhora Sarney... vagaba! Vampira![4]Creio que um dia o velho esquema desmorona. Desta vez pra valer. Sai do meu sangue, sanguessuga, que só sabe sugar. Pirata! Malandra! Prá rua! Se manda! Me deixe viver, me deixe viver.


Ninguém me salva, mas ninguém me engana[5]. As vezes penso em olhar para traz... me juntar aos desistentes imputados a culpa dos rumos da educação. Lamento, mas é difícil dizer que sou professor. Seria mais prudente apenas dizer que estou professor. Por outro lado, educação, você me faz feliz[6]. Esse texto é pra dizer e diz. Você é meu caminho, meu vinho, meu vício. Desde o início estava você[7]... Acho que deve ser esse tal destino, pois estava tudo caminhando direitinho. Coisa decidida, mas veio o destino[8]... e agora estou professor.

Estou confuso! Pra lá de Marakeche.
Por ora, vou apenas caetaneando...



Músicas utilizadas:


[1] Qualquer coisa.
[2] Sozinho.
[3] Você não me ensinou a te esquecer.
[4] Não enche.
[5] A voz do morto.
[6] Você é Linda.
[7] Meu bem, meu mal.
[8] É coisa do destino




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