Dê a ignorância um ponto final: Faça uma lavagem cerebral (musicosociologia 8)
Sociologia

Dê a ignorância um ponto final: Faça uma lavagem cerebral (musicosociologia 8)


     

     Olá, olá, olá caros amigos... Pessoas, sujeitos, indivíduos, atores ou como preferirem... Tudo Bem com vocês? Espero que sim!



    Pois bem! Trago hoje um vídeo que devieria ter postado a mais tempo. [Precisamente, junto ao posto do Momento reflexivo!] Mas terá, o post, sua importância referente ao seu tema. ( Hoje eu tô em um nível transcendental demais). Porém iniciemos!





    O autor, que agora trago, ainda não tinha dado o ar da graça aqui, apesar de seu trabalho ser totalmente crítico e bem embasado principalmente nas questões sociais, que são objeto, ao qual esse blog se propõe a discutir. Acho categórico a forma como ele critica  as situações, aliando o RAP e a política, sociedade, relações humanas... Como no caso da música que trabalharei a seguir. Mas, sem mais delongas, comecemos!

Informações importantes sobre ele:
    Um dos maiores nomes do rap brasileiro, Gabriel diferenciou-se de boa parte de seus pares (e chegou a ser criticado por eles) por ser garoto branco de classe-média. Mas desde o começo fez das letras de crítica social e moral, como acontece na música rap.
  Na verdade ele nem é considerado rapper pelos fatos acima citados. ( Mas, eu particularmente, acredito que ele não seja "considerado" pelo fato de sua coerência e criticidade, de forma politizada e consciente nas suas letras. O que não encontramos muito por ai. O único exemplo desse tipo de RAP que vem na minha cabeça é o MV Bill que, tem problemas similares ao do Gabriel de "reconhecimento". Mas, no caso é negro e oriundo de classes baixas, entretanto assume a mesma postura, ou pelo menos a postura politizada . Por isso que eu acho desnecessário para eles, esse "reconhecimento", pelo menos no meio do RAP, suas letras já lhes respaldam.)
   Filho da jornalista Belisa Ribeiro, ele apareceu no fim de 1992, quando ainda era estudante de Comunicação Social na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, com a música "Tô Feliz (Matei o Presidente)". O personagem da letra era Fernando Collor de Mello, que tinha acabado de renunciar ao cargo frente a um processo de impeachment (e de quem Belisa tinha sido assessora). 

Bom, sobre ele acho que seja o suficiente, agora andemos...(para frente lógico.)








Racismo É Burrice
Gabriel O Pensador

Composição: Gabriel O Pensador


Salve, meus irmãos africanos e lusitanos, do outro lado do oceano
"O Atlântico é pequeno pra nos separar, porque o sangue é mais forte que a água do mar"
Racismo, preconceito e discriminação em geral;
É uma burrice coletiva sem explicação
Afinal, que justificativa você me dá para um povo que precisa de união
Mas demonstra claramente
Infelizmente
Preconceitos mil
De naturezas diferentes
Mostrando que essa gente
Essa gente do Brasil é muito burra
E não enxerga um palmo à sua frente
Porque se fosse inteligente esse povo já teria agido de forma mais consciente
Eliminando da mente todo o preconceito
E não agindo com a burrice estampada no peito
A "elite" que devia dar um bom exemplo
É a primeira a demonstrar esse tipo de sentimento
Num complexo de superioridade infantil
Ou justificando um sistema de relação servil
E o povão vai como um bundão na onda do racismo e da discriminação
Não tem a união e não vê a solução da questão
Que por incrível que pareça está em nossas mãos
Só precisamos de uma reformulação geral
Uma espécie de lavagem cerebral

Racismo é burrice

Não seja um imbecil
Não seja um ignorante
Não se importe com a origem ou a cor do seu semelhante
O quê que importa se ele é nordestino e você não?
O quê que importa se ele é preto e você é branco
Aliás, branco no Brasil é difícil, porque no Brasil somos todos mestiços
Se você discorda, então olhe para trás
Olhe a nossa história
Os nossos ancestrais
O Brasil colonial não era igual a Portugal
A raiz do meu país era multirracial
Tinha índio, branco, amarelo, preto
Nascemos da mistura, então por que o preconceito?
Barrigas cresceram
O tempo passou
Nasceram os brasileiros, cada um com a sua cor
Uns com a pele clara, outros mais escura
Mas todos viemos da mesma mistura
Então presta atenção nessa sua babaquice
Pois como eu já disse racismo é burrice
Dê a ignorância um ponto final:
Faça uma lavagem cerebral

Racismo é burrice

Negro e nordestino constróem seu chão
Trabalhador da construção civil conhecido como peão
No Brasil, o mesmo negro que constrói o seu apartamento ou o que lava o chão de uma delegacia
É revistado e humilhado por um guarda nojento
Que ainda recebe o salário e o pão de cada dia graças ao negro, ao nordestino e a todos nós
Pagamos homens que pensam que ser humilhado não dói
O preconceito é uma coisa sem sentido
Tire a burrice do peito e me dê ouvidos
Me responda se você discriminaria
O Juiz Lalau ou o PC Farias
Não, você não faria isso não
Você aprendeu que preto é ladrão
Muitos negros roubam, mas muitos são roubados
E cuidado com esse branco aí parado do seu lado
Porque se ele passa fome
Sabe como é:
Ele rouba e mata um homem
Seja você ou seja o Pelé
Você e o Pelé morreriam igual
Então que morra o preconceito e viva a união racial
Quero ver essa música você aprender e fazer
A lavagem cerebral

Racismo é burrice

O racismo é burrice mas o mais burro não é o racista
É o que pensa que o racismo não existe
O pior cego é o que não quer ver
E o racismo está dentro de você
Porque o racista na verdade é um tremendo babaca
Que assimila os preconceitos porque tem cabeça fraca
E desde sempre não pára pra pensar
Nos conceitos que a sociedade insiste em lhe ensinar
E de pai pra filho o racismo passa
Em forma de piadas que teriam bem mais graça
Se não fossem o retrato da nossa ignorância
Transmitindo a discriminação desde a infância
E o que as crianças aprendem brincando
É nada mais nada menos do que a estupidez se propagando
Nenhum tipo de racismo - eu digo nenhum tipo de racismo - se justifica
Ninguém explica
Precisamos da lavagem cerebral pra acabar com esse lixo que é uma herança cultural
Todo mundo que é racista não sabe a razão
Então eu digo meu irmão
Seja do povão ou da "elite"
Não participe
Pois como eu já disse racismo é burrice
Como eu já disse racismo é burrice

Racismo é burrice

E se você é mais um burro, não me leve a mal
É hora de fazer uma lavagem cerebral
Mas isso é compromisso seu
Eu nem vou me meter
Quem vai lavar a sua mente não sou eu
É você.


  Trabalhar Gabriel é, tanto cansativo ( pois ele tem muito a dizer, e sempre diz!) quanto prazeroso...( saber que alguém exerce sua consciência).Mas, comecemos!

 De inicio, ele unifica as pessoas, "Salve, meus irmãos africanos e lusitanos, do outro lado do oceano "O Atlântico é pequeno pra nos separar, porque o sangue é mais forte que a água do mar". Ou seja,  somos todos iguais independente de nacionalidade, cor, raça, credo e por ai adiante. Usando o "exemplo" dos africanos. ( não precisa nem dizer por que desse exemplo.) 
   "Afinal, que justificativa você me dá para um povo que precisa de união" Aqui, ressaltarei o fato de que no Brasil somos todos oriundos de uma gigantesca miscigenação. Essa miscigenação deu origem ao povo Brasileiro de modo que não temos raça pura, de modo a questionar esse posicionamento excludente, principalmente pela raça. Sem contar que qualquer forma de preconceito é apenas uma construção derivada de interesses mesquinhos e de uma banalidade inacreditável. Pois como diz o próprio autor; qual a justificativa do preconceito pra um povo que ainda precisa se consolidar? Outro ponto importante de se ressaltar, é que, essa música já tem um certo tempo, e que ainda encontramos claramente todos os aspectos levantados nela.
    "A "elite" que devia dar um bom exemplo. É a primeira a demonstrar esse tipo de sentimento. Num complexo de superioridade infantil, ou justificando um sistema de relação serviu. E o povão vai como um bundão na onda do racismo e da discriminação. Não tem a união e não vê a solução da questão que, por incrível que pareça, está em nossas mãos." Pois bem, Luta de classes; a Elite, com suas demandas e sua individualidade como perpetuação do sentimento mesquinho. Como o autor fala, tanto agem com infantilidade como, também, justificando o mesmo fator que deu inicio à escravidão por exemplo, que é, o sistema de relação serviu. E seguindo, as classes, as massas, que o autor trata como povão [não retroativamente], mas como classes menos favorecidas, pelo fato de seguirem os preconceitos das classes maiores, preconceitos esses contra eles próprios. Ou seja, é como fala o Gabriel, não vêem a solução pra uma questão que temos nas mãos a solução. E, sendo assim, o próprio autor lança uma proposta de solução, (que creio ser pertinente), que só com uma lavagem cerebral, como medida de limpeza.
  " Negro e nordestino constróem seu chão. Trabalhador da construção civil conhecido como peão. No Brasil, o mesmo negro que constrói o seu apartamento ou o que lava o chão de uma delegacia, é revistado e humilhado por um guarda nojento, que ainda recebe o salário e o pão de cada dia graças ao negro, ao nordestino e a todos nós. Pagamos homens que pensam que ser humilhado não dói" Tratando de regionalismo, xenofobia nesse ponto, ele explícita a situação de nordestinos, por exemplo, nas grandes cidades, oriundos do êxodo rural, que descem do norte para o sul/sudeste na expectativa de melhorar e são tratados como seres desumanos, como se não fôssemos do mesmo país. E leva-se em conta que são esses trabalhadores, como diz na música, que constroem as mordomias e conveniências das classes altas. 
  "Tire a burrice do peito e me dê ouvidos, me responda se você discriminaria o Juiz Lalau ou o PC Farias. Não, você não faria isso não. Você aprendeu que preto é ladrão. Muitos negros roubam, mas muitos são roubados. E cuidado com esse branco aí parado do seu lado, porque se ele passa fome, sabe como é: Ele rouba e mata um homem, seja você ou seja o Pelé. Você e o Pelé morreriam igual, então que morra o preconceito e viva a união racial"  Gosto particularmente dessa comparação que ele faz entre os ladrões e os ladrões de colarinho branco. Com essa colocação, reflexiviso em relação à: Parece que o povo Brasileiro prefere ser roubado de muito e de todos de uma vez ( nesse caso eles querem igualdade). Por que normalmente o cara que rouba, rouba por necessidade, como um reflexo da sociedade que o excluiu e colocou na cabeça dele que, para ele ser incluído no meio, precisa do tênis de marca e etc.( não estou com isso, querendo justificar o ladrão "comum". Entretanto, Já o colarinho branco, que rouba de todos de uma só vez, rouba somente para aumentar suas propriedades descarada e indiscriminadamente. ( não sei bem qual é a do povo!).
     "O racismo é burrice mas o mais burro não é o racista, é o que pensa que o racismo não existe." [...]  "E o racismo está dentro de você"  "Porque o racista na verdade é um tremendo babaca, que assimila os preconceitos porque tem cabeça fraca. E desde sempre não pára pra pensar, nos conceitos que a sociedade insiste em lhe ensinar. E de pai pra filho o racismo passa, em forma de piadas que teriam bem mais graça." Primeiro, a preocupação com que acha que não é preconceituoso, se acha livre disso e não o enxerga, mesmo tendo sido culturado em nossa sociedade preconceituosa e consequentemente, interiorizando alguns desses preconceitos, seja com os negros,com os pobres, com os homoafetivos etc. 
   Concordo que o racista assimila os preconceitos por que tem cabeça fraca. Entretanto discordo do autor no ponto de que a sociedade tem algo pra ensinar, sendo ela a maior precursora desse tipo de sentimento. Como diz no mesmo trecho, o racismo vai passando geração à geração, normalmente tão internalizado, que passa em forma de piadas e assim compõem o individuo adulto.
  "E o que as crianças aprendem brincando, é nada mais nada menos do que a estupidez se propagando".
    E terminarei com as palavras do próprio autor: "Precisamos da lavagem cerebral pra acabar com esse lixo que é uma herança cultural" [...] "Então eu digo meu irmão, Seja do povão ou da "elite" Não participe!" [...] " Mas isso é compromisso seu, eu nem vou me meter. Quem vai lavar a sua mente não sou eu é você."  (Apesar de crer que nesse finzinho, temos sim nossa parcela de compromisso, principalmente no papel de sociólogos...)



Bom pessoas... Espero que gostem! Por hora é isso
No mais...
Inté quando dé!



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