Discute-se a participação dos comunistas nas eleições dos anos quarenta, cinqüenta e sessenta do século XX; o pretendido ?voto integralista? de 1955; a dinâmica política e a evolução da votação dos partidos do regime ditatorial (MDB e ARENA) e do voto ?de esquerda? em quatro eleições presidenciais. São enfocados também, a partir do estudo de casos concretos, certos problemas comuns ao sistema político nacional: o populismo, ou a questão das lideranças carismáticas; o clientelismo, em duas dimensões: de um lado, como uma relação ?pré-moderna? entre eleitores e representantes e, de outro, como a conexão tradicional entre executivo e legislativo; as dificuldades políticas e institucionais para a institucionalização partidária; e a questão da corrupção política, medida em função dos crimes eleitorais. Essa variedade temática é complementada por uma amplitude cronológica e geográfica que possibilita ao leitor uma visão abrangente da evolução do sistema político paranaense nos últimos cinqüenta anos.
Cada um dos capítulos desta coletânea traz, implicitamente, na exposição dos resultados concretos das pesquisas sobre Curitiba, Londrina, Maringá, Ponta Grossa e Cascavel, a problematização de conceitos ou hipóteses teóricas de Ciência Política (como por exemplo: o populismo, o clientelismo, a institucionalização partidária e a corrupção política), fugindo assim do empirismo puramente descritivo de boa parte dos estudos sobre partidos e eleições nas unidades subnacionais brasileiras.
Esse procedimento deve contribuir para superar de uma vez por todas a mitologia ?sociológica? da peculiaridade estadual, construída e difundida com base em impressões muito circunstanciais e em evidências puramente folclóricas. Assim, o decantado conservantismo ?do Paraná? e ?dos paranaenses? adquire aqui uma base objetiva que o conecta com a dinâmica mais geral do sistema partidário e com a evolução do comportamento eleitoral no Brasil. Daí que se possa entender a ?exceção paranaense? como um caso entre outros, ou como um caso que, afinal de contas, não está tão afastado das circunstâncias políticas nacionais.
Adriano Nervo Codato & Fernando José dos Santos (orgs.).