O filme Ponto de Mutação de Fritjof Capra apresenta uma crítica a pontos da filosofia cartesiana a partir de uma conversa entre uma cientista, que vive isolada em um mosteiro mergulhada em reflexões acerca do saber e do universo, um poeta sempre aberto a novas formas de pensamento e um político, que, ao contrário daquele, deve estar sempre preso às suas convicções. É percorrida a evolução do pensamento humano desde o momento em que o homem se liberta do modo mítico de ver o mundo, passando por Descartes, até os dias atuais, fortemente influenciados pela visão mecanicista e isolacionista do filósofo moderno.
Capra critica paradigmas da ciência moderna por meio da cientista, que apresenta a insuficiência e ineficácia na compreensão e intervenção sobre campos do conhecimento como a medicina, a biologia e a física, e propõe uma visão holística do universo: o sistema não é apenas a soma de suas partes, mas um conjunto de interações e probabilidades. Por exemplo, uma árvore não seria uma composição de raízes, caule, galhos e folhas, mas um conjunto de interdependências entre formas de vida, nutrientes e abrigo.
Esse modelo ofereceria uma visão integrada dos processos de transformação do universo dando prioridade à prevenção antes da reparação. Ele, aplicado às ciências sociais, nos mostraria uma sociedade não como uma máquina da qual basta retirar a peça defeituosa para se obter um conjunto saudável, mas como uma totalidade composta por indivíduos com pensamentos e ações dependentes de suas relações com o mundo à sua volta.