Não tive condições de escrever sobre o processo de escolha do livro didático durante o próprio processo, portanto, pode parecer um pouco fora do tempo essa postagem [que começou no fim do ano passado e estou concluindo agora], mas de qualquer forma a discussão sobre o livro didático vai além da escolha de cada escola, entra também no sentido de "o que fazer com essa escolha".
Professores/as de Sociologia formados em Ciências Sociais tem uma comum crítica a utilização do livro didático, justamente por causa de como esse recurso é usado por quem não tem formação específica: ser um manual, engessado, tradicional e linear. E portanto, se temos uma formação que nos familiarizou com as possibilidades didáticas de nossa disciplina, o livro didático fica em segundo plano - quando estamos doentes ou sem tempo, e aí é usado como um 'plano B' ou um 'tapa furo' - pois buscamos explorar uma riqueza de estratégias que faz com que o o livro didático não seja visto como muito importante.
Em geral, nas escolas que trabalhei, sempre que cheguei, o livro já estava lá, não era o meu preferido, não escolhi, não me importava, não usava, logo pensar sobre o livro didático não era uma preocupação.
Porém, por participar do processo de escolha, reparei em alguns elementos que me fazem olhar o livro didático de uma maneira um pouco diferente, de valorizar um pouco mais. Dois elementos foram principais para isso: saber que temos muitos colegas que despendem de energia, estudo e trabalho para nos oferecer materiais didático da melhor qualidade possível, o investimento e abrangência que o PNLD tem no país.
Sobre esses últimos apontamentos, podemos encontrar no site do FNDE os seguintes dados referentes ao ano de 2013:
- Investimento: R$ 333.116.928,96
- Alunos atendidos: 7.649.794
- Escolas beneficiadas: 19.243
- Livros distribuídos: 34.629.051
Temos um investimento de verbas públicas significativo nessa política. Para mim isso já é um ponto importante, afinal, se não usamos o livro didático, se não achamos ele importante, poderíamos estar destinando esse dinheiro para outro tipo de política de apoio ao estudante.
De qualquer forma, a abrangência do programa faz com que os livros cheguem as mais diferentes regiões e localidades, onde muitas vezes não existem cursos universitários que formem esse tipo de profissional, por isso a importância fundamental. Mas além disso, precisamos pensar qual pode ser o sentido para nós que não nos encaixamos nesses critérios?
Durante o processo de escolha na minha escola, que teve seus problemas e limitações (como nem todos os livros chegaram na escola, só podiam ser escolhidos os livros deixados na escola, apenas uma unidade de cada livro para cerca de 4 professores, e pouco tempo para se discutir em coletivo) acredito que o momento provocou enxergamos mais possibilidades para o recurso didático, justamente pelo aumento na quantidade de publicações que motivou comparações frutíferas.
Os elementos que tomamos como principais foram: as temáticas (se os livros seguiam os temas mais clássicos da sociologia ou se abria espaço para temas mais atuais - opressões/preconceito, meio ambiente, espaço urbano...e quais contemplavam o plano de estudo que havíamos desenvolvido), a linguagem e a diversidade de recursos oferecidos pelo livro.
Nesse sentido, a discussão centrou-se nas possibilidades que o livro didático poderia nos trazer para usar de diferentes formas, como um apoio a aula ou como um elemento disparador. Ou seja, quanto mais elementos o livro nos oferecer (imagens, gráficos, textos complementares, exercícios...) mais poderemos diversificar e adequar a cada estilo de trabalho dos professores que compoem o grupo.
Buscar o livro que mais se aproxima do Plano de Estudos desenvolvidos no ano, também ajuda a dar mais sentido para o livro, pois é uma forma de ele pode estar mais presente, seja em aula, ou como fonte de estudo ao educando.
Isso trás o desafio de enxergarmos o livro didático como um elemento rico, disponível e que pode ser usado com mais frequência, tanto como elemento mais central da proposta didática quanto de apoio. Que justamente a nossa formação faz com que possamos usar ele com intencionalidade e objetivo, utilizando nossos recortes e elaborações, para ultrapassar a visão de leitura-cópia-tarefa-reprodução-formatação e produzir a multiplicidade que qualquer recurso didático pode desenvolver.
É o que o próprio PNLD 2015 trás como princípio:
"Entendemos, pois, o livro didático de Sociologia como um potente artefato
cultural para a difusão do conhecimento escolar. Nas mãos do professor e da
professora, ele se constitui em mediador do processo de ensino e aprendizagem,
estabelecendo uma rica conexão entre professor, aluno e conhecimento."
"Queremos ressaltar a potencialidade da ação do professor, por meio de sua
criatividade e compromisso, assim como sua condição de agente social de transformação
da escola, reconhecendo que o livro didático se insere em um contexto
mais amplo de políticas públicas educacionais que por si só não pode caminhar
sozinho."
Essa versão do PNLD trás também a análise dos Livros Digitais, infelizmente não tivemos acesso a esses materiais no processo de escolha, entretanto, é uma tendência que os próximos livros lançados ou no próximo PNLD praticamente todos tenham apoio de recursos digitais. Com certeza isso torna ainda maior a oferta de recursos didáticos em Sociologia (e além da existência, que estimule a produção de aplicativos, simuladores, jogos e recursos interativos mais específicos a Sociologia) e a própria necessidade de melhor equipar as escolar com recursos que dêem condições para o seu uso.
Colocando o livro enquanto recurso de aula em nossos planejamentos, isso aumenta a possibilidade de seu uso. Muitas vezes também são usado para fins avaliativos (exercícios e trabalhos) para que o livro chegue até a escola. O grande desafio é tornar o livro didático parceiro dos estudos dos/as alunos/as como um material que o prepare para as aulas, e também possa o fazer pesquisar além daquilo que está sendo trabalhado no momento. E na medida que o tempo passar, e volumes de diferentes livros didáticos estiverem nas escolas, a comparação de perspectivas e interpretações sobre determinados conteúdos, pode promover bons debates.
Nesse início de aulas, fomos bastante incentivados a usar o livro didático, e esse incentivo fez com que tivesse que "trabalhar em cima" deles, o que foi muito bom, por que em geral isso não estava muito presente na minha prática. A ideia inicial, era que pudéssemos fazer "Planos de Emergência" (nas minhas escolas, esse nome se dá para o Plano de Aula feito para uma ocasional falta) a partir do livro. Isso fez com que aplica-se um pouco os critérios de escolha do livro didático para fazer os Plano de Aula, e nesse processo, a gente vai conhecendo mais o livro, pontuando quais sessões podem ser aproveitadas em quais aulas...foi um bom exercício.
No Fundamental, não temos livro (é um sonho coletivo um dia termos o nosso material da rede...) mas como houve troca dos livros didáticos do Médio, recebemos uma doação de livros referentes ao PNLD 2012 na municipal. A primeira reação que tive foi de achar que seria de pouca utilidade, por ser um livro de Ensino Médio, mas me surpreendi positivamente no exercício de analisar o livro. Compartilho abaixo as atividades planejadas, elas seguem um padrão (tradicional), de maneira a facilitar o colega que substituirá, se necessário a aula. O livro base é o do Tomazi de 2010.
[Plano de Emergência (6º a 9º)
Os alunos devem ler o texto da página 17 do livro didático (se necessario: ler em voz alta com a turma, sublinhar palavras desconhecidas e fazer glossario).
Passar as seguintes perguntas no quadro: a) o que mudou no seu bairro nos ultimos 10 anos? Pense nos comentários de familiares sobre espaço, comportamento, estilo de vida... b) Como as mudanças da sociedade afetam o comportamento na família, escola e bairro? c) A internet aproxima ou afasta as pessoas? Justifique. d) Qual a opinião do autor sobre as relações dos dias de hoje?
Dependendo da turma, e possível debater os seguintes temas (ou faze-los escrever o que pensam sobre cada temática): namoro virtual, limite da exposição na internet. encontrar pessoas que conheceu na internet, choque de gerações na familia, espaços de convivência fora da internet
Plano de Emergência (6º a 9º)
Os alunos devem ler o texto da página 93 (se necessario: ler em voz alta com a turma, sublinhar palavras desconhecidas e fazer glossario).
Responder as perguntas 1 e 2, adicionando no quadro as seguintes perguntas: 3) Você já sofreu abordagem discriminatória no shopping? Conhece alguem que passou por esse problema? Descreva a situação. 4) O que fazer no shopping? 5) O que existe para fazer na sua cidade para aproveitar o tempo livre?
Plano de Emergência (6º a 9º)
Leia o texto da página 199-200 do livro didático (se necessario: ler em voz alta com a turma, sublinhar palavras desconhecidas e fazer glossario).
Passar as seguintes perguntas no quadro: 1) O que aconteceu? 2) Existem problemas parecidos em sua casa? Explique. 3) A televisao, a internet ou o videogame podem atrapalhar o convívio familiar? Por que?
Após responder as perguntas, os alunos devem fazer um diálogo (inspirado no texto) que expresse um problema criado por causa da falta de convívio entre as pessoas.
Plano de Emergência (6º a 9º)
Os alunos devem ler o texto da página 201 (se necessario: ler em voz alta com a turma, sublinhar palavras desconhecidas e fazer glossario).
Responder as perguntas de 1 a 3. Adicionar as seguintes perguntas no quadro: 4) Escolha um programa de TV e explique por que ele retrata o que e explicado no texto. 5) Voce acredita que a televisão tem poder de criar ideias, opiniões e pensamentos nas pessoas? Explique. 6) O texto pontuou sobre o comportamento de meninas e a televisão, você acha que a televisão impacta de qual maneira no comportamento dos meninos?
Plano de Emergência (6º a 9º)
Os alunos devem lera e interpretar a sessão ?A locomoção como desigualdade? da página 91.
Colocar as seguintes perguntas no quadro: 1) Quais os meios mais populares entre os brasileiros? 2) Qual as classes sociais que usam mais carro? 3) Quais as classes sociais que usam mais ônibus? 4) Para a qualidade de vida e o meio ambiente, o que deveria mudar no transporte das cidades?
Os alunos devem desenhar como a desigualdade é expressa no transporte/mobilidade urbana.
Plano de Emergência (8º e 9º ano)
Os alunos devem ler o poema ?Eu etiqueta? da página 33 do livro didático (se necessario: ler em voz alta com a turma, sublinhar palavras desconhecidas e fazer glossario).
Responder no caderno as três perguntas do livro.
Dependendo da turma, e possível debater os seguintes temas (ou faze-los escrever o que pensam sobre cada temática): Ostentação, desejos de consumo e sofrimento, importância das marcas para fazer amigos, necessidade de exposição, futilidade]
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Na tarde do dia 10 de julho, foi encerrada a discussão do livro ?A Sociologia em sala de aula: diálogos sobre o ensino e suas práticas?. Tendo em vista a substituição do livro didático para os próximos três anos, este livro...
Dentre os livros de sociologia indicados pelo MEC para o Ensino Médio, está o livro "Sociologia para jovens do século XXI" de Luiz Fernando de Oliveira e Ricardo Cesar Rocha da Costa. O manual do professor pode ser baixado gratuitamente AQUI...
Pessoal do BENTÃO e da ETECAP, No período de 23 de março a 02 de abril de 2015 faremos nossas atividades avaliativas/provas do 1º Bimestre. Para aqueles que ainda tem alguma dúvida sobre os conteúdos, seguem as orientações de estudo: 1ºs anos...
Pessoal do BENTÃO e da ETECAP, No período de 23 de março a 02 de abril de 2015 faremos nossas atividades avaliativas/provas do 1º Bimestre. Para aqueles que ainda tem alguma dúvida sobre os conteúdos, seguem as orientações de estudo: 1ºs anos...
Olá pessoal, tudo certo?! Para nós professores é muito importante que a gente conheça os estudantes com o qual convivemos diariamente durante um espaço de tempo significativo em nossas vidas. Sendo assim, creio que seja importante buscarmos informações...