Sociologia
Rebeldia?
O texto de Durkheim é sobre um assunto sobre o qual eu já pensei muitas vezes: até que ponto somos educados, e até que ponto somos oprimidos?
A sociedade tenta moldar as crianças à sua imagem e semelhança; e a família, em parceria com a escola, são os representantes dessa forma de agir. A educação é o que forma o ser social, e a criança é, desde cedo, incentivada e obrigada a se transformar nesse ser social. Quando vemos uma criança birrenta na rua, olhamos torto, pois esse comportamento é naturalmente (socialmente, na verdade) combatido, mesmo que não tenhamos nenhuma relação com essa criança. É comum atribuir a culpa aos pais, pois é dever social deles educar o filho; e, caso eles não consigam, a responsabilidade é transferida para a escola e, em casos extremos, até para a Lei. Porém, com o tempo, as crianças vão percebendo que nunca conseguirão fazer o que querem. As pessoas dizem que, quando isso acontece, as crianças vão adquirindo consciência ? mas, na verdade, elas estão perdendo sua consciência natural, e substituindo pela social. Quando o indivíduo vai se educando, parando de levar bronca, é porque essa imposição que a sociedade força sobre ele está ficando imperceptível, mas ainda está lá. Isso é basicamente a mesma coisa que Freud disse no seu conceito de id, ego e superego: estamos constantemente tentando adaptar os valores da sociedade à nossa personalidade, tentando ser tão educados quanto é possível para nós, adicionando exceções conforme achamos espaço. Spencer acha que o certo seria parar de reprimir essa liberdade infantil, mas como esse método nunca foi utilizado, não passa de uma utopia de educação livre; e como educação e liberdade, no pensamento de Durkheim, são coisas contrárias, esse termo também não seria possível.
Crianças querendo fazer o que têm vontade é normal. O fato é que algumas pessoas nunca se adaptam à essa sociedade conservadora. São o que chamamos de rebeldes, punks, loucos ou, simplesmente, carentes de atenção. Pessoas que escolheram viver de uma forma diferente, e que conseguiram vencer a opressão que a sociedade causa sobre elas - mesmo que essa opressão tenha que ser constantemente combatida, e a pessoa tenha que ser forte para lutar contra ela. Essa maneira "diferente" de agir pode ser identificada de várias formas: roupas, tatuagens, piercings, homossexualismo, religiões, e até mesmo a alimentação (os vegans são um exemplo radical de combate aos costumes vigentes, pois a comida é um traço muito sensível da cultura de um país, e a carne é um dos principais ingredientes da América).
Aqui em Franca, temos um exemplo que pode ser muito bem atribuído ao que a maioria das pessoas chama de rebeldia. Rafael Mendes, apelidado de Rafa Gnomo, é um fotógrafo que tem a maior parte do corpo tatuada e furada, além da língua bifurcada. Eu mesma, que tenho piercing e tatuagens e gosto disso, acho estranho. Quando o vi no CDA, não pude evitar de olhar diferente. Se eu, que me considero com a mente aberta neste aspecto, fiquei meio abalada, o que as pessoas bem mais conservadoras (os crentes, por exemplo) devem achar dele? Elas provavelmente o queimariam na praça da matriz, se fosse possível.
Exemplos assim, entretanto, abalam apenas as regras morais da sociedade. O máximo que pode acontecer com uma pessoa que tatua o corpo inteiro é ser ignorada por um grupo e causar o riso alheio. Podemos perceber, entretanto, que esses níveis de tolerância ao que é diferente de nós é muito variável, algumas sociedades são mais receptivas à pessoas assim. Essa maneira de pensar é progressiva, e algumas coisas que foram consideradas aberração há um tempo atrás, hoje não são mais, ou pelo menos, não tanto quanto antigamente (como os negros e os gays, por exemplo). Para combater esse comportamento preconceituoso, para inserir essas pessoas na sociedade de uma maneira mais rápida e eficiente, existe até mesmo a criação de leis - não sem que antes haja uma discussão que dure anos, e, mesmo depois, ainda existem pessoas insatisfeitas.
Aliás, as leis são outra forma de opressão, porém completamente válida. Não roubar, não matar, não abusar sexualmente de outrem são valores morais tão sérios que se tornam obrigação. É muito pior do que simplesmente fazer um moicano, e a consequência é muito mais rígida. Não é necessário fazer outra coisa além de citar esse assunto, já que todos temos consciência do seu método e importância.
Concluindo: todos nós somos seres opressores. Já fomos oprimidos, oprimimos a nós mesmos e aos outros. Essa não é, entretanto, algo natural em nós - é algo natural à sociedade. O grande lema tanto do positivismo, quanto do nosso país, é Ordem e Progresso porque essa é a maneira que a sociedade encontrou para se organizar, se estabelecer com segurança e se manter estável. Durkheim faz parte do pós-positivismo porque incrementou essa maneira de pensar, adaptando e acrescentando, porém a base é a mesma.
Mesmo que as morais e os bons costumes mudem com o tempo, eles sempre existirão, e em absolutamente todos os aspectos do homem. Pessoas que são a favor da pena de morte são consideradas imorais, pois é pecado tirar a vida de uma pessoa, mesmo que seja um assassino, já que não devemos permitir fazer isso com ele só porque ele fez com outra pessoa, etc etc... Existe uma constante influência, um constante redemoinho de informações morais, legais e religiosas girando em torno da sociedade, e cabe a cada um dos indivíduos adaptar-se à isso. Sempre tendo em mente que as consequências virão, e sempre tendo consciência de qual é o grau máximo de opressão que esse indivíduo consegue (ou quer) aguentar.
Perfil do RafaGnomo no Facebook: http://www.facebook.com/rafagnomo
Brenda Alaíse Nascimento
1º ano de Serviço Social - diurno
UNESP - Franca
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