Sociologia
Subterrâneo
Metro pouco cheio. Não era pra menos, já eram quase meia noite, hora de fechar. Só mais eu e alguns filhas da puta desocupados que não viam a hora de chegar em casa. Eu não ligava de ficar ali sentado, não almejava chegar em casa mesmo. Ter de ver aquela escrota mulher com quem me casei, não deveria ter escutado meu pai. Ah Gabriel. Bem pelos menos meu pivete ainda me ama, as primeiras palavras que escreveu foram "Papai meu herói" com um mal feito desenho de eu indo trabalhar enquanto ele ficava em casa com a vagabunda de sua mãe. Isso só pode significar o mais puro amor. Respeito moleque, é o que eu sempre tento colocar na sua cabeça, assim como meu pai fez para que eu me tornasse de fato um homem.
A gorda sentada ao meu lado não parava de se mexer, esbarrando em mim a toda hora. O velho na minha frente tossia feito um condenado, escarrando perdigoto por vezes na minha direção. Ele lia algum livro de um autor que eu não conseguia pronunciar o nome Sschop... Sschau ... Shaupenha... não importa, deveria ser só baboseiras mesmo, o nome do livro era "Livre Arbítrio". Pare de pensar nisso. Ah Gabriel. Uma mulata toda formosa encontrava-se do outro lado do vagão, claro que ela estava toda suja e puída depois de mais um dia foda de sua existência. Um pouco antes da negra dois homens se aconchegavam de maneira recíproca. Usavam umas roupas estranhas de couro preto, alguns brincos por toda cara e um deles tinha um cabelo azul. Que merda era essa? Ah Gabriel.
Comecei a suar frio, as mãos deles estavam dadas e lentamente um deles aproximou seu buraco vermelho asqueroso e molhado no do outro, era um beijo. Aquilo não podia ser real, bem na frente de todo mundo. E o respeito? Passei a mão no bolso e lembrei que estava carregando o meu canivete. Não era nada majestoso, apenas um troço todo enferrujado que meu pai havia me dado para eu me proteger. Eles iam ver só uma lição.
Ah Gabriel. O vagão foi reduzindo a velocidade e o os dois indivíduos se levantaram, eles iriam descer. Fiquei de prontidão aguardando os próximos passos. Parou, as coisas desembarcaram e fui atrás. Moleques malditos, ninguém havia ensinado nada pra eles? Seria só um susto para eles largarem esse modinha. A Lamina gelada encostou nas costas do de cabelo azul. Encostem ai seus viadinhos. As bixas se assustaram e se aproximaram da parede. Não adianta implorar, vocês vão ter o que merecem, nada mais. Desfigurei suas caras. Acho que um morreu, mas não importa, estou chegando em casa agora, ver meu filho que me ama. Ah Gabriel, poderíamos ter sido felizes.
Túlio B F dos Santos
Direito diurno - Turma XXXI
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