Por: Claudio Fernando Ramos 10/10/2014. Cacau ?:¬)
Depois de adulto, sempre votei! Tento, na medida do possível, ser coerente não só com o que acredito, mas, principalmente com as coisas que faço.
Cidadania é como humanidade, não nascemo com elas, precisamos desenvolvê-las!
Partidos como PSDB, PMDB, Democratas (antigo PFL) entre outros (chamados de direita ou de centro direita) nunca receberam (ao menos de forma direta, salvo em caso de coligações partidárias) o meu voto, e, duvido muito que um dia receberão (só o tempo dirá).
Na condição de filho de mulher negra (duplamente discriminada: mulher e negra), solteira (tendo que fazer a vida sozinha) e pobre (trabalhando como diarista nas casas da classe média na capital fluminense), nunca me senti representado pela classe política (oligarquia) que, desde o fim do Império (1889), controla esse país.
A exemplo do que narra a mitologia greco-romana, essa nação sempre possuiu deuses que devoram os próprios filhos nos instantes seguintes ao nascimento.
O mito Greco-romano nos conta que o Céu (Urano) uniu-se à Terra (Geia), tiveram filhos, mas esses, assim que nasciam, o pai (Urano) os mandava de volta para o interior do seio materno e lá ficavam em regime de perpétua clausura.
No início da década de oitenta, próximo da redemocratização do país (ocorrida em 1985), um partido despontava no cenário ?pluripartidário? nacional, o PT. Originário das forças operárias, diversos grupos de esquerda (sindicatos, igreja e trabalhadores) se uniram em pró de uma ideologia comum: eleger pessoas que governassem visando não só os interesses das corporações e classe dominante.
Depois de protagonizar intensas disputas contra Collor (uma vez) e FHC (duas vezes), o PT finalmente chegou ao poder na pessoa de Luiz Inácio Lula da Silva ou, simplesmente, Lula. Depois de governar por oito anos, o partido conseguiu eleger a primeira mulher da história desse país. Hoje, nas vésperas de mais um escrutínio, o partido tenta a sua quarta eleição consecutiva.
Mas o mito greco-romano não termina com a clausura dos recém-nascidos. Um dos filhos preso (Saturno, também conhecido como Cronos, o senhor do tempo) revoltasse contra o tirânico pai (Urano) e, em nome da liberdade, castra-o; liberta todos os irmãos e, em seguida, toma o poder que havia sido do pai e passa a governar sobre todos. No entanto, desconfiado e temeroso com a possibilidade da perca do poder, aprisiona todos os seus irmãos nas trevas e passa, de forma implacável, a devorar os próprios filhos, assim que esses vêm à luz.
Conhecendo essa antiga história, não consigo deixar de relacioná-la ao contexto histórico da política nacional.
O Brasil sempre teve seus Uranos; atualmente vem tendo os seus Saturnos!
Prisioneiros que éramos, devorados que somos!
Olho para o candidato Aécio Neves e vejo a encarnação de Uranos! A volta de Uranos (PSDB) talvez implique em mais clausura para os ?libertos? filhos de Geia (a classe trabalhadora). Todavia, com a manutenção do que aí está, Dilma Rousseff, é provável que só façamos alimentar o devorador de todas as coisas, o voraz Cronos (PT).
Tenho medo de Urano (PSDB), não confio em Saturno (PT)!
Antes, não podíamos votar; depois, não sabíamos em quem votar; hoje, tudo está muito pior, não sabemos por que votar! Cacau ?:¬)
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