Certamente o Esquenta é o programa com o maior percentual de negros da TV aberta. Enquanto as novelas, seriados e telejornais são predominantemente brancos. Por que as novelas não têm galãs negros ou musas negras? Se analisarmos o número será irrisório, diferentemente do programa Esquenta que evidencia que o povo brasileiro é miscigenado, e ao miscigenar culturas, musicas e arte.
O programa Esquenta causa estranhamento em muitos porque rompe com a ordem estabelecida e estereotipada de que o negro é pobre, desprovido de inteligência e inferior aos brancos, e de que não se deve misturar com os demais, ou seja, uma perspectiva positivista em que deve haver uma manutenção da ordem e para tal fato é preciso estabelecer limites entre brancos e negros. É uma das poucas vezes em que é possível o negro se reconhecer e ver que ele pode ser ator, poeta, ou musico, é mais que um programa dominical da Rede Globo, é um momento de reflexão em que as diferenças parecem ser mais amenas.
A roda de samba de Arlindo Cruz e Leandro Sapulcahy estão na maioria dos programas, e o programa abre espaço para os diferentes gêneros musicais do país, desde o funk, forró, sertanejo, samba, pagode, ate musica clássica. E esses encontros se dão não só na música. A apresentadora Regina Casé pode entrevistar desde um presidente da república até as figuras mais populares e isso é algo inusitado, pois ainda reproduzimos uma logica racista e segregativa, enquanto a proposta do programa é de articulação.
Como então falar sobre mudanças em um cenário ainda tão racista e excludente? Se continuarmos reproduzindo essa visão disjuntiva, positivista e reducionista não será possível fazer essa interlocução e reflexão acerca da manutenção do status quo, " é hora de fazer uma lavagem cerebral" Gabriel O pensador.
Gabriel O Pensador - Racismo é burrice