Uruguai não tem mortes ligadas ao tráfico desde que legalizou maconha
Sociologia

Uruguai não tem mortes ligadas ao tráfico desde que legalizou maconha


    Intitulando meu texto, ponho uma manchete publicada no Jornal O Globo no ano passado. A dita notícia chama a atenção do leitor para a ausência de mortes ligadas à venda de maconha desde que o governo uruguaio regulamentou o cultivo, o comércio e o uso da droga no início de 2014. Minha intenção ao citar tal notícia é clara: Não deveríamos, ao tratar das drogas, basear nossas políticas em experiências concretas, ao invés de tomá-las com base no senso comum, em uma clara e típica antecipação da mente, a de achar de que a solução para o problema das drogas é a sua proibição?
      Francis Bacon, em sua obra Novum Organum (1620), propõe que a solução apropriada para repelir os ídolos ? noções falsas arraigadas no intelecto humano, dificultando o acesso à verdade ? seja, em suas próprias palavras, ?a formação de noções e axiomas pela verdadeira indução?. Há décadas o combate às drogas é um dos principais assuntos em voga na Sociedade. Também por décadas os governos vêm tentando combater esse problema de saúde pública com a proibição e repressão de seu comércio e uso. Todavia, é óbvio na atualidade que tal método apenas reforça o poder do tráfico e causa prejuízos para o Estado e para a Sociedade. Certos países como Uruguai e Holanda e estados americanos como Washington já impuseram medidas alternativas de combate, que vêm, como demonstrado na notícia que dá nome a esse artigo, tendo resultados muito mais satisfatórios que a velha ideia da repressão.
    Esse texto não deve ser tratado como uma ode ao consumo de drogas. Deve, sim, ser visto como a constatação de que, nos baseando em noções falsas, temos tomado decisões erradas no combate aos narcóticos ilícitos que, por sinal, são tão nocivos quanto muitos fármacos facilmente comprados em farmácias e outras drogas como o tabaco e o álcool, amplamente aceitos pela sociedade brasileira. Deveríamos, logo, fazer maior uso de experiências bem sucedidas e concretas no embasamento de nossas decisões, como já defendido por Bacon quatro séculos atrás.


Paulo Cereda
1º ano - Direito (diurno)
Introdução à Sociologia - Aula 03



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