Sociologia

Violência Doméstica

A violência doméstica surge porque?

São vários os factores que podem estar na origem da violência doméstica, sendo os mesmos tanto de cariz social, como económico. Porém, a meu ver, o princípio base da violência doméstica reside no facto de um dos elementos da família olhar para o outro enquanto um objecto que lhe pertence. Isto é verificável, sobretudo, nos casos em que os agressores são homens que fazem das suas mulheres vítimas, não só de agressão física, mas também de agressão verbal. Infelizmente, a realidade coloca-nos perante vários casos de mulheres mortas pelos seus maridos ou namorados, cujos actos brutais de violência são explicados pela frase "não és minhas, não és de mais ninguém". Hoje, mais do que outrora, vão surgindo alguns casos em que o contrário acontece, onde as mulheres detêm o papel de agressoras e os seus maridos ou namorados o de vítimas. Contudo a primeira situação continua a ser mais notória.

À violência doméstica, nomeadamente quando exercida pelos homens sobre os elementos da sua família, são, sobretudo, socialmente associados factores como o uso de drogas, o consumo de álcool e o ciúme. Para além de serem estas as desculpas, maioritariamente, dadas pelo agressor à vítima, são também as desculpas mais enunciadas pelas vítimas, como forma de desculpabilizar a acção violenta do agressor.

Para além dos factores supracitados, existem outros factores sociais, que a meu ver merecem especial atenção, como os constrangimentos e tensões da vida moderna, a questão dos filhos e da sua educação, e as alterações dos papéis sociais atribuídos ao género feminino e masculino. No que concerne aos constrangimentos e tensões da vida moderna, estão subjacentes factores como o cansaço, o stress e os problemas oriundos das pressões sociais, que contribuem para a diminuição do diálogo entre os membros da família, permitindo o despontar de violência, por parte dos mesmos. Já o nascimento dos filhos pode causar grandes constrangimentos, uma vez que implica fortes mudanças em termos de relacionamento familiar. Constitui-se num factor que pode levar, muitas vezes, ao afastamento entre os cônjuges. Por último, no que respeita às alterações dos papéis sociais atribuídos ao género feminino e masculino, é necessário ter presente o facto de que a maior autonomia exigida pela mulher leva à recusa de posições subalternas por parte desta, o que pode desencadear violência doméstica.

Os factores económicos são igualmente desencadeadores de violência no seio familiar: o desemprego, o emprego precário, os salários em atraso, a falta de dinheiro, ou de um modo geral, as más condições financeiras. Estes factores são, no meu ponto de vista, mais passíveis de desencadear violência masculina do que feminina, pelo facto de o homem ainda se assumir como o ganha-pão da sua família. No seio familiar, o homem desempregado, ou com os salários em atraso, vê-se como alguém incapaz de cumprir a sua função tal como a concebe; a sensação de impotência da sua parte pode originar casos de violência familiar. No entanto, estes factores económicos também podem levar a violência feminina, porque contribuem para o desencadear de discussões entre os cônjuges que podem chegar ao extremo da violência. Tanto as mães como os pais, perante uma má situação financeira, e entrando numa fase de desespero incontrolável, podem partir para a prática de agressões físicas e psicológicas que vitimem os seus filhos.

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